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Educação não é esmola

O projeto de uma educação pública de qualidade se vê comprometido em meio a medidas do governo Bolsonaro. Barack Obama sabe que a prosperidade de um país depende do investimento massivo nessa área.

Por Carolina Doro

O dia 30 de maio foi marcado pelo segundo ato no mês em defesa da educação pública. Milhares de estudantes, professores, servidores e pessoas que apoiam causa tomaram as ruas de cerca de 200 cidades de 25 estados e do Distrito Federal.

No mesmo dia, no Vtex Day – evento de inovação digital –, o 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou para um público de mais de dez mil pessoas no São Paulo Expo, defendendo a educação como um investimento para o desenvolvimento de um país, e não como caridade.


Os comentários sobre a educação se estenderam para a valorização dos professores, ressaltando o poder que um professor tem de dar confiança a uma criança e quanto a categoria ainda é desvalorizada em alguns países, até mesmo nos Estados Unidos, como ele reconheceu.


Uma matéria do G1 fez uma espécie de resumo da fala do ex-presidente no evento. De acordo com o Obama, se um país não investe na educação, provavelmente não será bem-sucedido social e economicamente. E especificou: é preciso criar um sistema educacional que prepare crianças jovens para o pensamento crítico. “Acho que o mais valioso da educação é aprender a habilidade de analisar a realidade, mesmo quando isso é desconfortável e prova que aquilo que eu achava ser verdade está errado”, analisou.


Barack Obama no Vtex Day: em defesa de uma educação crítica. (Everton Rosa/Vtex Day 2019/Divulgação)

O próximo Einstein pode estar na favela


A primeira vez que o ex-presidente esteve no Brasil foi relembrada durante a palestra. Em visita à uma favela, pensou no quanto aquelas crianças eram parecidas com ele; as diferença estava na oportunidade de ter tido uma boa educação e estar em um país que oferecia condições de prosperar, mesmo com certas desvantagens. “Talvez, em algum lugar na favela, tenha uma criança capaz de curar o câncer. Talvez, se eles tivessem a oportunidade...”


Ele está certo. E nós sabemos os motivos pelos quais isso acontece. Corrupção, descaso, interesses individuais em detrimento do coletivo e favorecimento de organizações privadas s se unem em um ciclo que parece não ter fim.

Nossas crianças têm inteligência e nossos jovens têm tanto potencial e competência quanto qualquer jovem americano ou europeu. Mas, no Brasil, isso não basta para prosperar. Com todas as nossas desigualdades, não é justo exigirmos que eles “cresçam na vida” só com a força de vontade e ainda os compararmos a jovens com realidades mais favoráveis. Há inúmeros elementos que impedem a menina da favela de se desenvolver na mesma velocidade e qualitativamente bem, como a menina da zona sul.


O acesso à uma educação pública de qualidade seria a ferramenta mais importante e primária para ajudar a menina da periferia a reconhecer e explorar todas as suas capacidades e, assim, construir um futuro digno e contribuir para uma sociedade menos desigual.


Por um desenvolvimento sem cortes


Quanto um governo “contigencia” verbas primordiais para o pleno funcionamento de universidades públicas, ameaçando a permanência de alunos, a manutenção dos laboratórios e de bolsas e a realização de pesquisas científicas, ele está se sabotando e destruindo qualquer perspectiva de prosperidade e redução das desigualdades sociais.


Não se trata de escolher oferecer uma boa educação e políticas públicas eficientes a seus cidadãos. Um governo DEVE fazer isso. A educação é um potencializa, edifica e contribui para a autonomia dos sujeitos, que podem retribuir para o país (e para o mundo), de inúmeras maneiras, todo conhecimento que adquiriram.


Como proferiu Obama, educação não é caridade.

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