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Quando a vivência bate porta.

Por Gustavo Luiz


O espaço “Entrevista da 2ª” da Folha de São Paulo conversou com o coordenador da MBL e vereador paulistano pelo DEM Fernando Holiday no dia 8 de abril.


O título e o subtítulo refletem o tom autocrítico do vereador durante a sua entrevista para os jornalistas Luciana Coelho e Fábio Zanini. Holiday começou a adquirir notoriedade a partir do momento em que foi favorável ao impeachment da ex-presidenta Dilma em 2016. As políticas defendidas por esse jovem, negro, gay, católico e de direita pareciam não estabelecer um diálogo coerente para os lados possíveis dentro espectro político herdado da revolução francesa e posteriormente modificados.


Esse contexto fez com que personagens, como Ciro Gomes, chamassem o vereador de “capitãozinho do mato”. O termo por si só é complexo entretanto, entender os mecanismos pré-estabelecidos para julgar pessoas pretas se torna necessário para prover uma sociedade capaz de entender as escolhas ideológicas das pessoas com esse e outros marcadores sociais oprimidos estruturalmente.


2 anos depois de sua eleição, o coordenador da MBL demonstra arrependimento e ponderações sobre algumas posições políticas defendidas outrora durante as 30 perguntas de Coelho e Zanini. Escola sem partido, igualdade de gênero, feminismo, conservadorismo, religião, prioridades do mandato, negritude e comunidade LGBTTTIQ+ foram temas contemplados dentro dessa edição do “Entrevista da 2ª”. As perspectivas de Holiday realmente parecem ser 6,5 em uma linha onde 10 é “conservadorismo” e 0, “progressismo”.


A sequência e o desenvolvimento das questões comunicam bem com a perspectiva de tornar mais heterogêneo alguns sensos comuns como: a sociedade norte-americana, no caso de Luciana Coelho e a “direita”, tema da coluna de Fábio Zanini na Folha.


A entrevista humaniza Fernando Holiday pelo próprio ator político que o mesmo se tornou. Desvincular o indivíduo do contexto social é utópico tanto quanto analisar o cenário sem as individualidades. Quando a chave de entrada para a análise passa a ser a voz do oprimido, podemos encontrar ressonâncias entre essas diversas situações para além movimentos sociais marginalizados e para além do espectro político herdado de uma matriz de conhecimento específica, a euro-americana. Observamos essa dinâmica na matéria do Alma Preta jornalismo: “As demandas do movimento negro são pautadas pela chamada ‘esquerda’ no Brasil?”


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